5 lições estoicas para a gestão de crise

Da antiguidade para a era digital. O estoicismo, definitivamente, está na moda. Nas falas de influenciadores e coachs, nas livrarias com reedições de obras clássicas e reinterpretações de autores contemporâneos entre os mais vendidos, no Google Trends – que aponta um pico de procura no início da pandemia e segue numa curva ascendente – ou, até, num papo de bar, é possível encontrar a filosofia estoica. Há mais de dois mil anos, o modo de enxergar a vida, com ensinamentos práticos, de Sêneca, Marco Aurélio e Epicteto ganha cada vez mais adeptos e admiradores em todo o mundo.

Mais do que em qualquer outro momento da história recente, precisamos de resiliência, coragem, moderação e sabedoria. Ingredientes para uma vida feliz e, também, indispensáveis em uma gestão de crise. Por isso, separamos algumas dicas, para lá de estoicas, na hora de enfrentar as situações negativas.

1 – Não negue a crise. Faça o que é preciso ser feito

“Muitas vezes erra não apenas quem faz, mas também quem deixa de fazer alguma coisa.” (Marco Aurélio) 

Reconhecer rapidamente que há um problema e se posicionar como parte da solução é chave para uma crise bem conduzida. Não se deve simplesmente esperar que o assunto desapareça ou terceirizar a responsabilidade. É preciso aceitar a realidade e agir conforme a situação solicita. A aceitação é o primeiro passo para fazer da crise uma oportunidade. Por isso, posicione-se o mais rápido possível. Estabeleça e cumpra um fluxo de comunicação, ocupe seu espaço como fonte, e, acima de tudo, aja! Tome ações concretas para pontuar a reação. O discurso deve ser sempre acompanhado da prática, assim como a filosofia estoica prega.

2 – Olhe a totalidade e não apenas uma parte da situação

“Que ridículo e que estranho ser surpreendido com tudo o que acontece na vida.”  (Marco Aurélio)

É preciso pensar sempre no contexto maior no qual estamos inseridos, e não apenas na situação isolada que estamos enfrentando em um espaço de tempo determinado. A agilidade na reação não pode se confundir com ignorar fatos, contexto ou percepções externas. Pesa cada vez mais no valor das marcas ativos intangíveis, que devem ser levados em consideração.

3 – Mantenha o foco no que você controla

“Não é o que acontece com você, mas como você reage a isso que importa.” (Epicteto)

Entre o pânico e a indiferença há um longo caminho. Nem ceticismo, nem histeria. A virtude está no meio. Concentre-se menos em coisas fora do seu controle e sim no que está sobre o nosso poder. Lembre-se de que é possível influenciar, mas não controlar a narrativa.

  • O que eu controlo (eu):  preparação; o que dizer; como dizer; condução do diálogo
  • O que eu não controlo (outro): interpretação, reação, repercussão

4 – Cuidado com suas palavras: disse, tá dito

“É melhor tropeçar com os pés do que com a língua.” (Zeno) 

Você sempre poderá se levantar de um tropeço, mas lembre-se: o que foi dito não pode ser desfeito. Especialmente coisas cruéis, preconceituosas e prejudiciais. Conselhos para administrar bem as palavras, não faltam. Como diriam nossos avós, “o peixe morre é pela boca”. Use a empatia, lembre-se que são pessoas falando com pessoas. Garanta a clareza das mensagens, traduza e compare para se fazer entender.

5 – Esteja preparado para a crise

“A arte de viver é mais parecida com uma luta do que com uma dança, pois a vida exige que você esteja preparado para ataques súbitos e inesperados.” (Marco Aurélio) 

As crises virão. Isso é fato. Então, nada mais razoável do que estarmos preparados. Para isso, tempo é um artigo valoroso. Não espere ficar doente para cuidar da saúde, tampouco espere uma ocorrência negativa para estruturar processos. Empresas que já possuem um manual de crise a ser seguido, porta-vozes treinados, fluxos de comunicação – como grupos de WhatsApp formados -, tem uma importante vantagem na hora de enfrentar a crise. Não deixe para se preocupar quando for inevitável. Esteja a postos para todas as batalhas da vida.

Maura Peres

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