Desinformação: a batalha urgente da sociedade pela verdade

Em um cenário onde a informação se espalha em velocidades impressionantes, o jornalismo profissional se vê em uma encruzilhada. Um dos eventos que celebrou os 30 anos do J&Cia, realizado no último dia 26, em São Paulo, e mediado por Helio Gama Neto (ANJ), trouxe à tona a urgência de um debate fundamental: “O Jornalismo sob o impacto da desinformação – Qual o tamanho dessa batalha e os riscos para a democracia?”

A conversa entre Marilia Assef (TV Cultura), Ana Dubeux (Correio Braziliense) e Sérgio Lirio (Carta Capital) evidenciou a complexidade dos desafios atuais — mas convergiu em uma conclusão: o jornalismo sério e competente precisa de apoio.

Desafios e reflexões urgentes

O pós-pandemia expôs e intensificou uma realidade preocupante: o aumento do analfabetismo funcional entre adolescentes, tornando-os mais vulneráveis à desinformação. Dados da Enap revelam que apenas 33% das informações digitais são checadas, evidenciando a ação de uma verdadeira “máquina de desinformação”. Soma-se a isso o comportamento cada vez mais disperso dos usuários – estudos mostram que a leitura de uma notícia em ambiente digital raramente ultrapassa o segundo parágrafo, com queda de até 70% na atenção.

Outro dado preocupante vem da OCDE: o ‘Questionário da Verdade’ apontou que o Brasil ficou em último lugar entre 21 países na capacidade de identificar conteúdos falsos na internet. O estudo também aponta que 85% dos brasileiros se informam principalmente pelas redes sociais, um ambiente fértil para conteúdos não verificados, sem curadoria e sem fontes confiáveis. Estamos diante de uma batalha civilizatória, em que o jornalismo profissional atua como escudo contra a barbárie que ameaça a democracia.

A urgência da educação midiática e a colaboração

O debate reforçou a necessidade de aproximação entre jornalismo e academia, para juntos promoverem a educação midiática. Preparar a população para identificar informações falsas, compreender contextos e valorizar conteúdos de qualidade é mais do que uma necessidade — é uma urgência. Marilia Assef, Ana Dubeux e Sérgio Lirio defenderam que o jornalismo deve assumir o papel de mediador, ajudando cidadãos de todas as idades — muitas vezes bombardeados por informações — a não replicarem desinformação por pura falta de conhecimento.

O cenário atual nos transforma, cada vez mais, em reféns da desinformação. Por isso, é imperativo que imprensa, sociedade, academia e empresas unam forças para formar uma geração de cidadãos mais críticos e preparados. Mudar essa cultura exige um esforço conjunto, que começa com a disposição de sair das nossas bolhas e discutir a educação como pilar central para reverter essa realidade.

Como comunicadora, vejo no jornalismo uma ferramenta essencial para reconstruir pontes com a verdade. Fortalecer o jornalismo é fortalecer a democracia. E essa batalha — de todos nós — precisa ser vencida com urgência.

Por Elisandra Escudero

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