Elaine Silva dava sua primeira caminhada por Paris com um único destino: conhecer a Torre Eiffel. E quando, em seus passos rápidos pela Avenida Georges Pompidou, ela avistou o ponto turístico mais famoso da capital francesa, seus olhos marejaram. Era um misto de encantamento e sabor de conquista. Ela, mulher preta, criada na periferia paulista, estava diante de uma das maravilhas do mundo moderno.
Poderia pensar que, olhando para trás, a vida já lhe tinha dado muito. Mas não. Elaine queria mais. O ano era 2023. Em menos de 12 meses, Paris seria a capital esportiva do planeta, com a realização dos Jogos Olímpicos. E foi aí que o sonho da empresária, sócia da Alma Preta Jornalismo, um dos jornais de mídia independente mais relevantes do Brasil, falou mais alto: “Eu quero estar aqui no ano que vem, cobrindo os Jogos Olímpicos”.
E foi aí que nossos caminhos se cruzaram. Conheci Elaine, apresentada por Pedro Borges, sócio-fundador da Alma Preta e um dos integrantes do conselho da DiversaCom, empresa que tinha recém-começado, uma parceria com o grupo Textual Comunicação. Pedro eu já conhecia pela potência jornalística. “Você precisa conhecer a Elaine. Ela e você vão se dar muito bem”. Algumas trocas de conversas depois e o sonho começava a se materializar. DiversaCom e Alma Preta iriam unir esforços para, pela primeira vez na história, ter uma equipe de um jornal de mídia preta, nascido na periferia, cobrindo in loco uma edição de Jogos Olímpicos.
O caminho foi longo, mas bem planejado. Fizemos uma co-criação para preparar jovens que nunca tinham tido uma experiência parecida, chegando em condições de fazer um trabalho profissional de qualidade. Antes dos jogos, foram sessões de mentoria com jornalistas experientes em grandes coberturas olímpicas Marcos Uchoa, Paulo César Vasconcelos, Claudio Nogueira compartilharam suas experiências. Algumas apresentações e visitas ao Comitê Olímpico do Brasil deixaram as lideranças do Time Brasil impressionadas.
Com a ajuda do COB e outros parceiros, a equipe foi credenciada. Passagens e hospedagens na mão, e lá se foram eles: Elaine, Solon, Vinicius, William e Iacy desembarcaram na capital francesa. E foram das atletas negras as maiores conquistas brasileiras. Rebeca Andrade, Beatriz Souza, Rafaela Silva, Rayssa Leal entraram para a história em Paris, e a Alma Preta estava lá contando para o mundo.
O papel da DiversaCom também foi editorial. Todos os dias, duas reuniões de pauta comandadas por mim davam o tom da cobertura. Claudio Nogueira, colunista convidado, fazia colunas diárias. Com a experiência de quem já cobriu quatro copas, uma olimpíada e uma paraolimpíada eu dava os caminhos, as coordenadas e assim fechávamos cada dia olímpico.
E, essa semana, todo esse trabalho inédito foi premiado na categoria regional do Prêmio Aberje. A parceria da DiversaCom, Textual e Alma Preta garantiu o primeiro lugar na categoria Diversidade e Inclusão. Em dezembro, vamos disputar o nacional.
Criada há menos de três anos, a DiversaCom é uma agência de comunicação diferente. Temos como nosso principal pilar a comunicação de causas e propósitos. A ideia é levar ao público não apenas a informação, mas o legado que vem por trás dela. Com ideias criativas e inovadoras. Só conseguimos ser destaque se formos disruptivos.
Foi assim em nosso primeiro projeto. A vinda do Rei de Angola ao Brasil representava um encontro ancestral de um representante de um reinado africano com seus súditos no Brasil. Descendentes de um povo que foi escravizado em sua terra natal e trazido ao Brasil pelas mãos de senhores escravagistas encontraram seu rei.
Para contar essa história, fizemos uma parceria com a organização UNIperiferias e montamos um roteiro para os dias em que o rei Ekuikui VI Tchongolola Tchongonga estivesse no Rio de Janeiro: um debate no Museu de História Africana, uma visita à Pequena África, encontro com uma escola de samba e uma visita a um quilombo.
A visita do rei foi notícia no Brasil e no mundo. Foi matéria até no Washington Post. E, meses depois, a DiversaCom, uma agência ainda bebê, recebia o Prêmio Jatobá de Excelência e Inovação em PR pelo case da vinda do rei. Ganhamos na categoria Causa e Propósito. Justamente nosso pilar fundamental.
Em três anos, duas premiações que reconhecem um trabalho legítimo. Com a seriedade de profissionais competentes da DiversaCom e da Textual, liderada pelas irmãs Carina Almeida e Adryana Almeida , filhas de um mestre do fotojornalismo brasileiro, Evandro Teixeira. O DNA do compromisso com a seriedade e comunicação de qualidade para todos os nossos clientes.
E vamos assim, seguindo a estrada, com o olhar sonhador sempre. E materializando sonhos. Parabéns à Alma Preta, Uniperiferias e tantos outros que acreditam em nossos sonhos. A gente está só começando.
Marcelo Moreira, sócio-diretor da DiversaCom