Metaverso na prática – A tendência por trás da buzzword

Web 3.0 e Metaverso. Se você trabalha com comunicação ou tecnologia, provavelmente já ouviu ou leu essas palavras incontáveis vezes. Elas são as palavras do momento e costumam gerar certa ansiedade, levantando debates nas salas de reuniões, sejam elas online ou presenciais, e nas pausas para o café. Afinal, as empresas querem entrar rápido na onda do Metaverso.

Aqui, porém, queremos te convidar a parar um pouco e refletir. Será que é o momento para o seu negócio se inserir nesse contexto? Se sim, como fazer isso de uma forma aplicável no dia a dia? E a pergunta de milhões: que retorno isso trará (seja a curto, médio ou longo prazo) para a companhia?

Primeiro vamos às definições: O que é Web 3.0? E Metaverso?

O primeiro passo para entender se as buzzwords se encaixam na sua estratégia é saber o que cada uma delas significa. Trouxemos um resumo abaixo:

  • Web 3.0 – O termo designa a nova fase da Internet, uma evolução do que conhecemos como Web 2.0, iniciada em meados dos anos 2000 e que teve como um dos principais marcos a criação das redes sociais, para uma nova Era. Um dos principais atributos da Web 3.0 é a descentralização: enquanto nos anos anteriores vimos big techs como Facebook (atual Meta) e Google ditando as regras do jogo, agora o poder começa a se descentralizar. É nessa “terceira onda” que o Metaverso ganha força.
  • Metaverso – Em linhas gerais, é a tecnologia que promete replicar experiências do mundo real no universo virtual. Apesar do termo ter ganhado força em 2021, quando o Facebook passou a se chamar Meta e prometeu ser “uma empresa de Metaverso” em até 5 anos, não é exatamente uma novidade. Essa espécie de “réplica” da realidade na Internet já acontecia nos anos 2000 com alguns games, sendo o Second Life e Minecraft excelentes exemplos. A promessa agora, no entanto, é maior refinamento na experiência, com acessórios como óculos VR se tornando mais acessíveis e conectando os dois universos.

A Web 3.0 e o Metaverso aqui e agora

Como falamos anteriormente, a Web 3.0 é uma evolução da 2.0, assim como o Metaverso traz uma proposta mais refinada de experiências que já conhecemos com os games que simulam a vida real. Quando falamos dessas buzzwords, muitas vezes a sensação que domina é a ansiedade de transportar algo que parece tão futurístico para a nossa realidade. Mas a web está em constante mudança e temos nos adaptado muito rápido aos novos cenários. Não existe uma barreira física ou temporal que oficialmente separe a web 2.0 da 3.0.

As criptomoedas e o NFT, que já são realidade, fazem parte do contexto descentralizado que a terceira fase da web nos traz. O mesmo acontece com o Metaverso: os jogos já navegam muito bem nesse cenário de réplica da realidade. Portanto, essas palavrinhas que viralizam e parecem fazer parte de um futuro quase distópico denotam uma realidade atual. O ponto chave, aqui, é entender essa realidade e avaliar se ela faz sentido para o negócio.

E aí, vale a pena?

Esses avanços são maravilhosos, mas não vale se deixar levar somente pela vontade de pertencer. Anos atrás, quando as redes sociais estouraram e ficou claro que era necessário fazer comunicação também no ambiente digital, um furor muito parecido com o atual começou. Era comum querer estar nos canais online por estar, sem uma estratégia bem definida e sem entender o objetivo daquele canal dentro de todo o ecossistema de comunicação e do negócio. Passado os primeiros tempos de frenesi, começamos a sentir os efeitos dessa onda: foi necessário discutir mais sobre dados, sobre como medir a efetividade de cada um desses esforços e, principalmente, refletir sobre o retorno sobre o investimento.

Com o Metaverso não deve ser diferente. Antes de qualquer estratégia que envolva a novidade, vale fazer algumas reflexões essenciais:

  • O negócio atingiu a maturidade digital para tentar os primeiros passos no Metaverso? Para além da óbvia necessidade de certo refino tecnológico para dar os primeiros passos, o Metaverso depende de um ecossistema digital amplo para a divulgação da iniciativa. Um ambiente de experiência virtual não pode existir de forma isolada, correndo o risco de virar um elefante branco online.
  • Olhar para dentro de casa: as possibilidades atuais do Metaverso têm feat com a essência do negócio? É importante que a iniciativa não seja uma ponta solta, precisa se inserir na narrativa corporativa de forma coesa.
  • Olhar para o público: o público-alvo do negócio está aberto e interessado no Metaverso?
  • Qual será o objetivo da iniciativa dentro da realidade do negócio? O que se quer atingir, de forma direta ou indireta, com o Metaverso?
  • Retorno: por fim, o Metaverso não é uma tecnologia barata, mesmo dentro das possibilidades atuais. Como será medido o sucesso da ação e, principalmente, o retorno sob o investimento? Esse retorno justifica o aporte financeiro inicial e de manutenção?

Refletir sobre todos esses pontos pode levar a uma decisão mais prática, com metas arrojadas e palpáveis.

Estratégia pé no chão

Após a reflexão, se a resposta para o investimento no Metaverso for o esperado “sim”, o próximo passo é traçar uma estratégia pé no chão. Quando se trata de uma tecnologia tão ampla e ainda em desenvolvimento, é natural se deixar seduzir pelo futuro. Mas aqui, te convidamos a olhar para o presente.

Segundo levantamento da McKinsey, o Metaverso deve movimentar 3 trilhões de dólares até 2030. Pensando somente no cenário brasileiro, um estudo da Worldplay apontou que a experiência de compra em realidade virtual é o desejo de 73% (estamos na frente de países como a Alemanha, com 59% e Japão, com 57%). Mas existe uma grande lacuna entre as projeções e a atualidade. Para ter uma experiência completa de realidade virtual, os óculos VR são necessários. Nos principais e-commerces, os óculos mais avançados chegam a custar 4 vezes o salário mínimo brasileiro. Considerando esse cenário, será que é o momento de investir em uma experiência totalmente imersiva? Para algumas marcas pode ser, mas não se pode fazer generalizações nesta tomada de decisão. Existem outras formas mais acessíveis de explorar o Metaverso.

Executivos da Meta dizem que a experiência completa do Metaverso será possível entre 5 ou 10 anos. Ainda não podemos dizer se essa é uma previsão realista ou otimista, mas o fato é que temos tecnologia para aplicar o conceito na prática atualmente, mesmo que seja em menor grau do que o que foi “prometido” pela companhia. Atendentes, lojas e ambientes corporativos totalmente virtuais que foram criados nos últimos anos (além dos exemplos de games com VR) estão aí para provar.

Construção de personas virtuais e gamificação são algumas das alternativas mais palpáveis para o Metaverso. São formas de fazer parte da novidade, inserir a marca de uma forma atrativa dentro da jornada do consumidor e, de quebra, fortalecer o pilar de inovação na construção de reputação corporativa. Por enquanto, são alguns dos primeiros passos possíveis quando o público e a tecnologia ainda não chegaram na experiência virtual totalmente imersiva.

E agora?

A gente acredita que a agilidade vale muito mais do que a pressa. Decisões ágeis devidamente embasadas por uma reflexão e por dados concretos costumam trazer melhores resultados. Por isso, queremos finalizar com a mensagem: se fizer sentido para o negócio, com certeza vale a pena dar os primeiros passos do Metaverso. Mas o faça de uma forma “pé no chão” considerando a tecnologia que tem disponível, sempre priorizando o que é acessível para o público-alvo.

E, é claro, conte conosco para entender se (e como) o Metaverso se encaixa na sua estratégia macro de comunicação. Você pode entrar em contato conosco por aqui.

Pâmela Carvalho

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